quarta-feira, 25 de maio de 2011

Para pensar a escravidão negra...



Boa noite, galerinha.

Hoje trago um fragmento presente no livro História do Brasil: uma interpretação (Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota) sobre o tráfico negreiro e as condições de trabalho do escravo negro. Espero que ajude a ilustrar o tema. As palavras em negrito estão explicadas ao fim do texto.



"A maior parte dos povos escravizados pelos portugueses conhecia a agricultura móvel e praticava a rotação de culturas para melhor aproveitar o solo. Já em suas regiões de origem, os cativos, em sua maioria, utilizavam objetos de metal, até mesmo de ferro e cobre, e eram oleiros hábeis.

A partir da segunda metade do século XVI, o tráfico de escravos da costa ocidental da África para o Novo Mundo assumiu proporções de uma verdadeira migração forçada de centenas de milhares de africanos. Estima-se que, ainda no século XVI, 50 mil africanos cativos tenham cruzado o Atlântico rumo aos engenhos da Província de Santa Cruz. Isso explica por que foram os escravos negros africanos que constituíram o pilar fundamental da economia das plantações populosas de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiros, sobretudo depois que os engenhos do Novo Mundo já estavam devidamente capitalizados, graças ao trabalho dos "negros da terra", ou seja, os índios escravizados.

Os "pombeiros" - portugueses brancos, mulatos, negros, livres ou escravos de confiança - eram os principais agentes do tráfico de escravos na África. Levavam as caravanas de escravos do interior do continente para o litoral. A compra de prisioneiros resultantes de lutas intertribais era a principal e mais violenta forma de obter cativos africanos. Uma vez capturados, a tribo vencendora os trocava com os portugueses por produtos manufaturados europeus de baixo valor, tais como panos de algodão, barras de ferro e miçangas. Em seguida, eram levados para a costa e lá mantidos até que chegasse o navio negreiro, o temido "tumbeiro".

Estima-se que, no final do século XVI, chegassem ao Brasil entre 10 e 15 mil escravos por ano, a maioria deles proveniente de Angola. O contrabando era freqüente, pois o tráfico de escravos era monopólio da Coroa, e os traficantes tentavam burlar o pagamento de impostos. Um número incontável de cativos morreu na travessia do Atlântico ao ser lançado ao mar por contrabandistas. A esta prática somavam-se a superlotação, insalubridade, falta de higiene e água fresca, além dos suicídios.

Na América, os escravos africanos eram "as mãos e os pés" de seus donos: faziam os trabalhos mais pesados e exaustivos das plantações, dos engenhos e dos portos em que se embarcavam as caixas do açúcar.

Malnutrido, brutalizado por feitores que o obrigavam a trabalhar períodos de mais de 20 horas por dia durante a safra - de agosto a maio - nos eitos e nas casas de engenho e caldeira, não é de surpreender que a estimativa de vida de um escravo fosse de 7 a 10 anos de trabalho. Isso quando eles não ficavam mutilados por causa de algum acidente, visto que, freqëntemente, trabalhavam alcoolizados."




Cativo: no contexto, é o mesmo que escravo.
Engenho: local de produção do açúcar.
Novo Mundo: maneira como os europeus chamavam o continente americano.
Eito: uma dada quantidade de terra; local de trabalho agrícola.

Abraços e façam bom proveito do material,

Enrico.

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