domingo, 19 de junho de 2011

Orientações para o trabalho

Boa noite, pessoal!

O trimestre não pára! Já passei essas instruções em sala, mas para facilitar na hora que começarmos a trabalhar, estou postando aqui também. Está tudo detalhado para fazermos um bom trabalho!


- Tema: “Heranças atuais da escravidão brasileira”

- Digitado: Arial ou Times 12; espaçamento entre linhas: 1,5.

- Manuscrito: em papel almaço, letra legível e capricho.

- TRECHOS COPIADOS DE OUTRA FONTE DEVERÃO ESTAR ENTRE ASPAS E ACOMPANHADOS DE UMA EXPLICAÇÃO COM AS PRÓPRIAS PALAVRAS DO ALUNO. CASO CONTRÁRIO, SERÁ CONSIDERADO PLÁGIO E A PARTE PLAGIADA NÃO SERÁ CONSIDERADA.

Composição do trabalho:

Capa: cabeçalho, nome dos integrantes do grupo e título

Introdução: breve descrição do trabalho, em um ou dois parágrafos.

1. O trabalho análogo à escravidão nos dias de hoje
o 1.1. O que é o trabalho análogo à escravidão? – Descrever o que é trabalho análogo à escravidão e os outros tipos de trabalho forçado, com base no conteúdo estudado em sala e no conteúdo encontrado na pesquisa. Dar exemplos.
o 1.2. A realidade brasileira – Estatísticas e informações sobre o trabalho escravo no Brasil nos dias de hoje.
o 1.3. Estudo de caso – Pesquisar um caso de trabalho análogo à escravidão no Brasil e descrever: onde ocorre, a situação dos trabalhadores, quantos trabalhadores são, se já foram ou não libertos; se há ou não alguma ação para libertá-los. (SUGESTÃO: o site Repórter Brasil tem várias reportagens narrando esse tipo de situação).

2. Indígenas e negros hoje
o 2.1. O Movimento Indígena – Descrever o que é, retomar brevemente sua história e descrever suas principais reivindicações.
o 2.2. O Movimento Negro – Descrever o que é, retomar brevemente sua história e descrever suas principais reivindicações (não deixem de falar sobre as cotas universitárias).
o 2.3. As populações quilombolas – retomar o conceito de “quilombo” e explicar a situação atual das populações quilombolas no Brasil.

• 3. Conclusão: cada membro do grupo deverá escrever uma conclusão individual sobre as heranças da escravidão que ainda carregamos e o que têm sido feito para superá-las. Podem retomar todo conteúdo do trabalho e conteúdos estudados no trimestre. O texto de conclusão deverá ter um mínimo de 20 linhas e máximo de 30 (para os que fizerem manuscrito, deverá ter entre 25 e 35 linhas)

Fontes de pesquisa: enumerar todos os livros e sites pesquisados.


- Sites sugeridos: ONG Repórter Brasil: http://reporterbrasil.org.br (ver a seção “Reportagens”); nosso blog: http://historiadb8.blogspot.com. Não se limitem a estes: há muitas outras fontes na internet.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Atividade de História - Respostas esperadas

Boa tarde, pessoal.

A seguir, estão as respostas esperadas das questões de História que vocês fizeram para a última sexta. Isso não quer dizer que as respostas diferentes estejam incorretas: alguns colocaram mais informações, e outros escreveram de forma mais resumida. Ao final de cada pergunta, coloquei onde vocês poderiam ter encontrado as respostas. Enfim, espero que ajude vocês a estudarem para a prova de sexta-feira.

Abraços e boa semana de provas,

Enrico.

1- Mercantilismo é o nome que se dá a um conjunto de práticas econômicas adotadas por países europeus entre os séculos XVI e XIX. Descreva três dessas práticas.
Foram várias as práticas mercantilistas ao redor da Europa. Em aula, estudamos três delas: o metalismo (busca por metais para acumular riquezas, terras e títulos de nobreza), a balança comercial favorável (vender mais do que comprar, ou seja, o gasto com importações deve ser menor que o arrecadado com exportações) e o protecionismo econômico (o controle da economia pelo Estado, normalmente feito por altos impostos alfandegários, que garantiam aos reinos bastante renda). (páginas 57 e 58 do livro)

2- Por que podemos dizer que a Colonização do Brasil ocorreu por circunstâncias imprevistas?
A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita ao Rei de Portugal em 1500, contava como era a terra descoberta. Nela, Caminha dizia que os povos daqui não conheciam técnicas pecuárias e agrícolas, e que não havia metais preciosos na terra. Portugal, assim, não se interessou em colonizar o Brasil a princípio. Porém, correndo risco de perder terras para invasores que rondavam o território, a Coroa Portuguesa decidiu por iniciar uma atividade econômica no Brasil para ocupar o território, melhorando a defesa do litoral e gerando renda. (anotações do caderno)

3- Descreva as três principais características do conjunto de relações que ficou conhecido como Sistema Colonial*.
Pacto Colonial: a Colônia (Brasil) se encarregava de produzir, enquanto a Metrópole (Portugal) se encarregava de comercializar.
Especialização econômica: A Colônia produzia uma pequena variedade de produtos, obrigando seus habitantes a importar muitos outros da Metrópole.
Monopólio Comercial: Todo comércio externo da Colônia só poderia ser feito com a Metrópole. (anotações do caderno)

4- O que foram as expedições de apresamento indígena? De que maneira procediam?
As expedições de apresamento eram organizadas por bandeirantes (aventureiros que adentravam nas terras desconhecidas) e buscavam, dentre outras coisas, aprisionar índios para vendê-los aos colonos como escravos, para trabalharem sobretudo nas lavouras de cana. (pesquisa na internet, anotações no caderno (da revisão), início do capítulo 2 do livro)

5- Com base no box da página 52, faça um breve resumo do que eram as guerras justas.
Eram guerras feitas contra indígenas com autorização do Rei de Portugal ou do governador-geral. Geralmente eram autorizadas quando os índios se rebelavam contra a dominação portuguesa.

6- Explique brevemente o que foram as missões jesuíticas.
Eram unidades de educação e evangelização dos indígenas, organizadas pelos religiosos jesuítas. Com o tempo, os religiosos passaram a defender os indígenas da escravidão, alegando que possuíam alma. (pesquisa realizada na internet, solicitada em maio).

7- Enumere algumas razões para a substituição gradual da escravidão indígena pela negra.
A escravidão dos indígenas e dos negros conviveram por muito tempo no Brasil, sendo que os escravos negros foram, gradativamente, ganhando a preferência dos colonos. As principais razões foram: as culturas indígenas eram incompatíveis com o trabalho regular e compulsório; a resistência indígena à sujeição foi muito forte; o trabalho dos jesuítas passou a se opor à escravidão indígena; os indígenas eram pouco resistentes às doenças européias e aos maus-tratos, e morriam com facilidade; o tráfico negreiro era muito lucrativo à Coroa. (anotações do caderno)

8- Por que não podemos dizer que a África é um continente homogêneo?
Há várias povos diferentes por todo continente africano, com diversas etnias, línguas e religiões. Não há uma cultura africana, mas trata-se de um continente com grande diversidade cultural. (anotações do caderno; livro: páginas 70 a 73)

9- Enumere algumas práticas empregadas pelos colonos para a perda de identidade dos africanos que chegavam.
Perda da liberdade, violência, isolamento dos antepassados, afastamento da família e dos instrumentos simbólicos da identidade (eram dados nomes cristãos a eles, e mudavam seu vestuário, linguagem, marcas corporais, etc.). (livro: página 83)

10- Por que a cana de açúcar foi o produto escolhido por Portugal para ser plantado em sua colônia? Descreva o sistema de plantation que era empregado para a cultura canavieira.
Por três razões principais: o cultivo da cana adaptava-se bem ao clima brasileiro; Portgual já tinha experiência com a produção de açúcar; era um produto bastante consumido na Europa. (anotações do caderno)

11- Com base no texto “Para pensar a escravidão negra...” presente em nosso blog, escreva um comentário sobre a situação do escravo negro, tanto nas embarcações quanto em seu trabalho.
Comentário pessoal.

12- Pesquise e descreva resumidamente o que eram a mita, a encomienda e o repartimiento**; e fale da importância dessas duas práticas para a colonização da América Espanhola.
Mita: prática antiga dos indígenas peruanos no Império Inca (antes da chegada dos espanhóis). Consistia em realizar serviços públicos, sobretudo em construções e na agricultura, para o bem-estar da sociedade inca, ou seja, para ajudar todo o coletivo.
Repartimiento: foi uma forma que os espanhóis encontraram de utilizar a mita a seu favor. Todos os indígenas homens eram convocados para passar um ano trabalhando nas minas (especialmente em Potosí) em condições precárias, de forma que muitos deles morriam no trabalho.
Encomienda: sistema de exploração do trabalho indígena na América Espanhola, sobretudo no meio rural. Cada comunidade indígena ficava sobre os "cuidados" de um colono (encomendero). O encomendero recebia o direito da Coroa Espanhola de utilizar à vontade o trabalho desses indígenas. Em troca, o colono deveria oferecer a eles a catequese católica.
Esses sistemas de escravidão indígena empregados na América Espanhola foram fundamentais para o enriquecimento da Coroa, uma vez que possibilitou empregar o regime escravista que garantia altas taxas de lucro aos colonos e à Metrópole.(livro: páginas 60 a 62, internet)

13- Quem era Tupac Amaru II? O que queria sua rebelião?
José Gabriel Condorcanqui, também conhecido como Tupac Amaru II, era um mestiço, descendente de indígenas e espanhóis. Dizia-se herdeiro do Império Inca e, ao voltar de seus estudos na Espanha, revoltou-se com a condição de trabalho que encontravam-se os indígenas. Ao mesmo tempo, estava descontente com os altos impostos cobrados pela Coroa e o baixo preço pago por ela à produção realizada na Colônia. Assim, conseguiu organizar uma rebelião que tinha apoio tanto dos indígenas quanto de criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América) descontentes. Com o tempo, a rebelião passou a lutar pela independência em relação à Espanha. Após ocuparem toda a cidade de Cuzco, em 1781, os rebeldes foram vencidos e Tupac Amaru II foi preso e executado. (livro: páginas 60 a 62, internet)

14- Diferencie as três formas de trabalho forçado: trabalho degradante, superexploração do trabalho e trabalho análogo à escravidão. Dê um exemplo para cada um.
Trabalho degradante: o trabalhador é submetido a condições que ameacem sua saúde física e psicológica, não havendo higiene e segurança. Exemplo: carvoarias do Maranhão, onde os trabalhadores enfrentam grandes perigos sem equipamentos de proteção.
Superexploração do trabalho: trabalho sem os direitos mais básicos, como o desrespeito ao salário mínimo, jornadas de trabalho muito grandes e altas cotas de produção. Exemplo: trabalhadores de cana-de-açúcar com altas cotas de produção e baixíssimo salário por cota.
Trabalho análogo à escravidão: além de haver degradação e superexploração, há também a restrição da liberdade de locomoção, ou seja, o trabalhador é preso ao local de trabalho, por diversas maneiras. Exemplo: escravidão por dívida no meio rural.
(Anotações no caderno, texto no blog)


15- Em uma folha a parte, faça uma linha do tempo contendo os seguintes eventos, com uma breve descrição de cada um deles:
a. 1492 - “Descobrimento” da América por Colombo: A frota de Cristóvam Colombo, enviada pela Coroa Espanhola, chega ao "Novo Mundo", atingindo as terras de onde hoje se localiza a República Dominicana;
b. 1494 - Assinatura do Tratado de Tordesilhas: Portugal e Espanha dividem entre si as terras já encontradas e as que ainda seriam. As terras à oeste da linha do Tratado seriam da Espanha; as terras à leste, de Portugal;
c. 1500 - “Descobrimento” do Brasil (Ilha de Vera Cruz): a frota de Pedro Álvares Cabral, enviada pela Coroa Portuguesa, chega às terras brasileiras. Como naquele momento pensavam que era uma ilha, batizam-na de Ilha de Vera Cruz.
d. 1534 - Criação das Capitanias Hereditárias: grandes lotes de terra doados a nobres portugueses, que se encarregavam de promover a ocupação do território, cedendo terras (sesmarias) aos colonos que chegavam.
e. Sec. XVI - Início do tráfico de escravos para o Brasil: pelos navios negreiros, os negros capturados na Áfricas, por lutas intertribais, eram importados às Américas para o trabalho na lavoura. A data do início é difícil de determinar e motivo de controvérsias entre historiadores. Nosso livro fala em 1533.
f. 1548 - Criação do Governo-Geral: órgão responsável pela administração da Colônia e por fazer valer aqui a vontade da Coroa Portuguesa.
g. 1555-1567 - Confederação dos Tamoios: Iniciou-se em São Vicente, com os ataques portugueses a uma aldeia indígena tupinambá em busca de trabalhadores escravos para as lavouras. Os portugueses conseguiram o apoio dos índios guaianases. Os tupinambás de São Vicente, por sua vez, tiveram apoio de outras aldeias tupinambás e de franceses que chegavam para explorar pau-brasil.
h. 1683-1713 - Confederação do Cariri: ocorreu no interior da atual região Nordeste do Brasil. Com a tentativa dos portugueses de dominarem as terras naquela região, indígenas e quilombolas que lá viviam reagiram e se uniram contra os portugueses.
(Livro, anotações no caderno, internet)

* Na lista entregue a vocês estava escrito "Pacto Colonial", mas a ideia era pedir para vocês descreverem todo o Sistema Colonial. O Pacto Colonial é uma das relações estabelecidas no Sistema Colonial. Não descontei pontos dessa questão por esse motivo.

** Erro de digitação. A palavra correta é repartimiento, não repatriamiento. Não descontei pontos dos que não colocaram o que era o repartimiento, ou que erraram nessa descrição.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Racismo: herança da escravidão


Boa tarde, pessoal.

Sei que estão todos atarefados, estudando para as provas trimestrais ou fazendo a lista de exercícios (que é para amanhã). Por isso trouxe apenas duas charges para refletirmos um pouco.

Na aula, ao falar da abolição da escravidão, conversamos que depois de 300 anos com os negros sendo tratados como "inferiores", essa visão preconceituosa não iria desaparecer de uma hora para outra, com a assinatura de uma lei. Infelizmente, ela permanece até hoje, no racismo e na discriminação. Além disso, após a escravidão, os negros foram completamente excluídos da sociedade, já que o trabalho remunerado nas fazendas passou a ser feito principalmente pelos imigrantes europeus que chegaram, e não pelos negros libertos. Várias estatísticas indicam, por exemplo, que os mais pobres entre os pobres são negros, que os negros são mais abordados pela polícia que os brancos, etc. Tudo isso é herança dos tempos de escravismo. Para refletir, vejam essas charges:





Fica apenas como reflexão, para cada um ir pensando no assunto.

Abraços,

Enrico

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Textos sobre escravidão

Boa tarde, pessoal.

A Flávia, do 8ºB, trouxe uma colaboração muito boa pra gente. São dois textos que podem ajudar na elaboração das listas de exercício. Os dois são do site infoescola.com.

O primeiro é uma breve descrição sobre a escravidão negra no Brasil. O outro é uma interpretação alternativa ao Quilombo dos Palmares, que fala da existência de escravidão dentro do quilombo. Trago os dois a seguir. Espero que ajudem na lista e no estudo aprofundamento dos estudos.

Parabéns e obrigado pela iniciativa, Flávia.

Abraços,

Enrico.



Escravidão no Brasil
(Cristina Gomes)

Sem dúvida, um dos mais tristes momentos da nossa história. Foram os escravos que produziram todas ou quase todas as riquezas da América.

No início, os portugueses, escravizaram os índios, porém com o passar do tempo, foram substituídos pelos africanos.

Alguns estudiosos acham que esta substituição se deu pelo fato dos africanos se adaptarem melhor ao tipo de trabalho realizado na colônia. É importante ressaltar que o vergonhoso comércio de escravos representou uma excelente alternativa econômica para a Europa e trouxe muitos lucros para os europeus. A escravidão do negro era mais rentável do que a do índio, por isso valia a pena o alto custo do investimento.



A presença negra na América começou por volta de 1550. O escravo africano era considerado por muitos como simples mercadoria e a escravidão chegou a ser indispensável para o progresso e prosperidade do país. Quando chegavam aqui (nos navios negreiros), eram exibidos para que os compradores pudessem analisá-los. Evitavam comprar escravos da mesma família ou da mesma tribo (pois não queriam rebeliões).

Os escravos viviam em senzalas, onde ficavam presos quando não estavam trabalhando, e eram responsáveis por todo trabalho braçal realizado nas fazendas. Trabalhavam de sol a sol e não tinham quase tempo para descansar.

A vida útil do escravo adulto não passava de 10 anos (por causa da dureza dos trabalhos e precariedade da alimentação) e seus filhos eram seus substitutos.

Qualquer deslize era motivo para as mais horríveis punições. Para fugir de todos estes sofrimentos, alguns escravos se suicidavam; outros, matavam seus feitores e ainda os que fugiam para os quilombos.


Nos quilombos (geralmente localizados em lugares de difícil acesso), os escravos viviam em liberdade, produziam seus alimentos, fabricavam roupas, móveis e instrumentos de trabalho, cultivavam também as crenças, as tradições e os costumes africanos. O adultério, o roubo e o homicídio eram punidos com a pena de morte.

Alguns escravos que não conseguiam chegar até o quilombo, eram capturados no meio do caminho pelos capitães-do-mato que eram remunerados pelo seu trabalho.

Os quilombos estavam espalhados em todo o território colonial, porém, a falta de registros impede que estudiosos descubram mais detalhes sobre eles. Mesmo assim, ainda encontramos comunidades remanescentes de antigos quilombos no interior do Brasil.

O mais famoso de todos os quilombos, chamava-se Palmares e ficava em Alagoas. Esse quilombo possuía aproximadamente 20 ou 30 mil habitantes. Dentre os seus líderes destacava-se Zumbi. Durante o século XVII, vários governos (portugueses e holandeses) quiseram destruí-lo. Foram várias tentativas em 80 anos de conflito, mas Palmares resistia bravamente e chegou a derrotar cerca de 30 expedições enviadas.

Foi somente em 1695 que Palmares foi destruído por completo, com a colaboração do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho que para cumprir a missão se armou com homens preparados e um vasto material bélico.

Zumbi foi capturado um ano depois da destruição de Palmares e foi executado.

Só a partir da Independência (1822) que as pessoas começaram a ter uma consciência antiescravista. Baseado nos ideais iluministas (o pensamento iluminista considerava o homem como a obra mais importante de Deus), muitos achavam que em uma sociedade livre, não havia espaço para a escravidão. Na mesma época (séc. XIX), cresciam as pressões internacionais pelo fim do tráfico negreiro.

Em 1821, a Assembléia Geral aprovou uma lei pela qual os africanos que entrassem no país a partir daquela data seriam livres, mas isso ficou só no papel.

A Inglaterra aboliu a escravatura em 1833 (embora tenha sido o maior país traficante de escravos até o final do século XVIII) e passou a ser uma grande defensora da abolição.

Após a Revolução Industrial, a busca por mercados consumidores mais amplos começou a se intensificar. Era preciso buscar trabalhadores assalariados e como os escravos não recebiam por seus trabalhos e não podiam comprar, a Inglaterra começou a fazer pressão para o fim da escravidão. O Brasil era, naquela época, o maior comprador de escravos, logo esta pressão caiu sobre o nosso país.

Em 1845, foi aprovado o Bill Aberdeen – uma Lei que autorizava a esquadra britânica a prender os navios negreiros e a julgar seus tripulantes. O Brasil protestou, porém, em 1850 (cedendo às pressões inglesas), a Assembléia Geral aprovou a Lei Eusébio de Queirós, que extinguiria o tráfico negreiro.

A partir de 1860, os manifestos contra a escravidão ficavam cada vez mais intensos, graças à imprensa e a várias campanhas antiescravistas.

Muitos se declararam abolicionistas, como por exemplo, o poeta Castro Alves (Terceira Geração Romântica – Poesia Social), chamado “Poeta dos Escravos”. Ele escreveu as seguintes obras: “Navio Negreiro” e “Vozes d’Africa” e “Os Escravos”.

Em 1865, com a abolição da escravatura nos EUA só restavam dois países com o regime de escravidão: Brasil e Cuba.

A situação se agravou e em 1871 foi assinada a Lei do Ventre Livre declarando que todos os filhos de escravos nascidos a partir daquela data estariam livres.

Em 1885, a Lei dos Sexagenários, declarava libertos todos os escravos acima de 60 anos. Essa Lei foi encarada pelos abolicionistas como uma “brincadeira de mau gosto”, pois a vida útil de um escravo adulto não passava de 10 anos.

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que declarava extinta a escravidão no Brasil. Vários fatores causaram a assinatura desta Lei, dentre eles a rebeldia dos escravos e as campanhas abolicionistas.

Embora não existisse mais escravidão no Brasil, os escravos, agora livres, tinham um grande problema pela frente: foram postos em liberdade sem nenhuma garantia de emprego ou qualquer coisa que garantisse a sua sobrevivência.

Tinham ainda que se preocupar com um fator que até hoje os persegue: o preconceito.

Apesar de todos os sofrimentos, é inegável que o negro contribuiu muito para a nossa cultura, além da diversidade étnica, a cada dia que passa comprovamos a presença negra em vários setores: na culinária (feijoada, vatapá, acarajé), na religião (umbanda e candomblé), na música, no vestuário, etc.





Escravidão nos Quilombos (Felipe Araújo)

Zumbi dos Palmares é o ícone de resistência e liberdade mais reverberado na história do Brasil. Os livros tradicionais, utilizados na escola e até mesmo a cultura passada de pai para filho, colocam Zumbi como um revolucionário que lutava pelo fim da escravidão. Além disso, prega-se que os quilombos eram sociedades igualitárias. Porém, uma corrente de pesquisadores que inclui Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do “Dicionário do Brasil Colonial”, e Leandro Narloch, jornalista e autor do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” contestam esta versão purista pregada há muito tempo no Brasil.

De acordo com os estudos destes pesquisadores, novas interpretações sobre Zumbi e os quilombos constatam que em Palmares havia uma hierarquia entre os integrantes que dividia os negros em servos e reis, sistema que já era adotado na África pelo mesmo povo. O próprio Zumbi era um chefe e tinha seus escravos, além da história de ele ter sido criado por um padre e saber latim não ter nenhum documento histórico de comprovação. Fora isso, Zumbi teria rompido um acordo com Portugal e antecipado a destruição de Palmares.

De acordo com Ronaldo Vainfas, “É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares”, afirma o historiador. Ele ainda diz que Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos. No século XVII, época em que os ideais de liberdade e igualdade ainda não haviam sido consolidados na Europa, não seria possível que, entre os negros, tais conceitos fossem a força e ideal da formação dos quilombos e das atividades de Zumbi.

Após os árabes conquistarem o norte africano, os próprios negros vendiam negros nas caravanas que cortavam o Saara. O jornalista Leandro Narloch cita o caso de um escravo brasileiro que, após conseguir sua libertação pela Lei Áurea, virou traficante de escravos da África para o Brasil e esta era a forma como se sustentava. Narloch ainda mostra diversas facetas dos quilombos, mostra a falsificação histórica da vida de Zumbi, que o fez se tornar num mito nacional da cultura negra, entre outras supostas verdades históricas.